Eu tô "no bico do corvo", eu "já era!" Uai, e daí? A vida segue.
Ontem de manhã, enquanto eu derramava um pouco de água sanitária para desinfetar umas folhas de escarola do almoço, olhando firmemente para a embalagem de 2 litros à minha frente, pensei: quantas dessas eu ainda vou usar até o fim dos meus dias? Rapá, que filosofia mais maluca, mais deprê! Quase que eu corro ao supermercado e compro todo o estoque, torro logo minha grana disponível e me livro desse pensamento lúgubre. Me dei conta também de estar reaproveitando os pedaços de sabonete... Juntei ali em recipiente próprio e separado para este fim um pouco de bicarbonato, um pouco de açúcar, um pouco de óleo essencial cheirosinho, um pouco de óleo de coco e de amêndoas e passei a me ocupar daquilo com zelo. Fiz duas barras de sabonete, nas tampas de duas saboneteiras, aí me perguntei profundo outra vez: por que eu não vou ao supermercado ou à farmácia e compro aquele Dove de que eu gosto? Meu preferido é um cujo cheiro dá para sentir por fora da embalagem mesmo, olha só? Parece que é carité, tem um fruto amarronzado, é desse que eu gosto. Quase que eu pego o resto da grana que sobrou, depois de zerar o estoque de água sanitária e compro tudo em Dove... Mas deixei pra lá esse pensamento incomodante. (Rádio ligado, fica desde cedinho até a Hora do Brasil, acho ótimo). Aí, depois do almoço, pia limpinha, louça lavada, talheres lavados, panelas lavadas, fogão higienizado devidamente, parece toc, mas é assim que eu sou e talvez seja por isso que eu não arranjo mulher depois de ficar viúvo. Vai ver é mesmo. Depois disso, de boa na poltrona da sesta, sei lá se delirando ou não, pensei na dor articular, atribuída por todo mundo à degeneração física imposta pelo tempo (a idade mesmo): que pensamento, irmão! Belo descanso digestivo... Vai ver foi a mistura de escarola refogada no alho, mandioca, duas toras palmito, grão de bico e atum, tudo isso fazendo digestão junto com uns suplementos para refazer as cartilagens. Esses suplementos, só rindo, mas eu compro, e daí? Sei lá seu eu adormeci ou se foi coisa pensada, mas me veio o diagnóstico médico desse caso cirúrgico, que não urgente, dava perfeitamente tempo para programar, segundo o doutor que me atendeu. Fui ver na internet, todo mundo vai, e a explicação de que o médico corta a cabeça do fêmur, introduz ali um pedaço de metal dentro do osso original, batendo com um martelo; coloca na cavidade da bacia outra cavidade para receber essa parte imposta no fêmur e ambos se encaixam e vida que segue. Cuidados na fisioterapia e para não desencaixar essas peças, inclusive vale não se abaixar em angulação inferior a 90 graus para não desencaixá-las. E no vaso sanitário? Se vira até que o "osso de ferro" seja adotado pelos músculos de músculo mesmo. Cirurgia simples, coisa de 2 horas, faz até no SUS, margem de 95% de êxito. Por ora, reforço muscular tem ajudado, vi até pilates online sem aparelhos, uau! Nessa eu não caio, pera lá. Lembrei que apelei para minha mãe, que já está no céu, para interferir junto a Jesus por um milagre nessa regeneração, anormal que seja, afinal não dizem que se vai ao Filho através da Mãe? Então? Se for por meio da mãe Dele, também apelei a ela, para a hipótese de a minha não ter toda essa força. Ainda delirando, acho que o palmito veio da floresta com algum efeito alucinógeno psicodélico da ayahuasca, pensei também que talvez o Todo Poderoso tivesse me posto esse incômodo suportável, que só me incomoda se ficar em pé ou sentado ou deitado, em vez de alguma outra doença, como essas degenerativas em que se perde a noção das coisas e que nem sofrimento físico se percebe, uai, por que não? Ou de um câncer, cujo diagnóstico já abate para sempre, ou de uma daquelas doenças transmissíveis pelo sexo, comuns nos anos 1970, que faziam surgir feridas de aparência feia nos órgãos genitais mas que nós mesmos nos tratávamos, comprando Tetrex na farmácia, essas mesmas doenças velhas que agora voltaram e que poderiam muito bem ser piores para a minha cabeça. Vai ver. Enfim, se os céus não agirem, se eu não morrer antes de a dor começar a incomodar pela constância, quem sabe eu não acabe apelando para os médicos daqui da terra mesmo? Mas vou avaliar o custo-benefício, sabe-se lá se eu vou durar mais do que o período de recuperação? Até mais arriscado do que o mal em si. Cê tá doido, véi? Eu, hein? Vida que segue.
(Eu penso isso, pense você o que quiser).
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