"Hic est homo" (Eis o homem)

 

"Eis o homem" é a tradução da expressão latina Ecce homo, dita por Pôncio Pilatos ao apresentar Jesus Cristo aos judeus. É também título de um livro de Nietzsche.

O presidente Bolsonaro representa para a ultradireita radical (ultra e ainda por cima radical? Parece pleonasmo, mas não é) o mesmo que o presidente Lula representa para a esquerda, esta menos radical do que a extrema esquerda, e isso não é melhor nem pior, é o mesmo do mesmo, tanto que foram os polos nas últimas disputas. Numa, um preso e o outro tendo sofrido atentado em Juiz de Fora, naquilo que se pode chamar a facada da vitória, que incivilizada, mas foi, sim, o marco daquela vitória de um contra o outro. Mantidas as devidas proporções, ficarem em frente aos quarteis os adictos do golpismo, em que as Forças Armadas tomariam o poder, destituiriam o ministro Alexandre de Moraes - e o prendiam -, mantendo o presidente Bolsonaro no Planalto equivale mais ou menos à cegueira dos que compareciam três vezes ao dia à sede da Polícia Federal, em Curitiba, reverenciando o preso ilustre, onde gritavam "bom dia, presidente Lula!", de manhã, "boa tarde, presidente Lula!", depois do almoço e "boa noite, presidente Lula!", ao entardecer, ambos os gados são adictos de um líder populista, como há outros mundo afora, mas neste momento se veem mais os da direita. Os progressistas, que desejavam a diminuição das diferenças(?) estão meio que comendo pelas beiradas até voltarem, e voltam, é questão de tempo, a menos que tenhamos uma Terceira Guerra Mundial, como disse o presidente Trump acerca do que deseja o presidente da Ucrânia, sem nenhum fundamento de verdade nisso. 
Isto posto, nos lembramos de frases tipo "só admito a vitória, ser preso ou morto" isso ou equivalente, dito pelo presidente Bolsonaro, por ora o mais próximo é o "ser preso". Inelegível, a vitória não lhe cairá de novo no colo circunstancial, e ele sabe disso, e sabem todos no seu entorno que reverter é impossível, a menos que deem, sim, o tal golpe. Desde a condenação eleitoral ele pensa no que fazer, meu Deus!, e agora, quem poderá nos ajudar?, diria algum premido pela má sorte na espera do herói improvável, o Chapolin Colorado. Ele sabe também, como pai, que o mais radical dos filhos é o vereador carioca, a quem ele credita a vitória pela ação na internet, mas este não tem cacife de representar o sobrenome em coisa grande. Como político esperto que é, Bolsonaro sabe muito bem também que o mais inteligente nessa área é justamente o deputado federal, a quem, desde logo ele tratou de "esconder", ou vocês não perceberam o sumiço do garoto? Não foi à toa. Neste período, foram lançados estrategicamente na mídia o nome da esposa Michelle: não pegou. Estimularam nomes como o governador mineiro, do partido Novo, uma coisa que ninguém sabe bem o que é, mas que é de direita, mas o governador Zema é um provinciano, de sotaque típico que não convence a quem precisa de verborragia radical, os eleitores extremistas são assim, querem sangue. O governador Ratinho, do Paraná? Magina! O governador Tarcísio, este sim, carrega o maior colégio eleitoral consigo, é muito centrado, radical somente quando quer puxar o saco do mito deles todos, mas é o melhor nome para 2026. O campo da esquerda, radical e não, e o centro civilizado e da direita não têm ninguém" Mas tem um problema: o carioca, que foi ministro da presidente Dilma, vejam só que paradoxo, que governa os paulistas, não carrega nem o sangue nem o sobrenome Bolsonaro, então sobra quem? Quem? Aquele que aprendeu inglês nos Estados Unidos vendendo hambúrguer, aquele que faz a ponte entre a Casa Branca e a casa da famiglia, pedindo apoio do Trump para tornar o pai elegível, frase dita e repetida para inglês ver, apenas para sedimentar o sobrenome Bolsonaro na mídia diária. A quem entende, o Jair, de Jair Bolsonaro, está morto e enterrado, em 2030 não terá nem mais saúde para concorrer, mas o Bolsonaro, de Jair Bolsonaro, ainda é capaz de eleger quem quiser, como fez com essa leva de deputados, de senadores e de governadores, mas nenhum carrega a herança genética, coisa que ele deseja muito, para continuar influente. Resta um, o filho, eis aí, então, o homem!

(Eu penso isso, pense você o que quiser).

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